Acabei de ler " Fazes-me Falta ", de Inês Pedrosa. Parece-me um longo e partilhado acto de contrição articulado entre duas personagens: uma que vive na eternidade que se faz de memória e outra que a recorda ao longo do seu existir terreno. Assisti à elaboração de um luto permanentemente bloqueado pelas recordações recalcadas. É uma ficção repleta de belas frazes e metáforas, onde o afecto, mais que o amor; é uma atmosfera.
Talvez por razões pessoais, custou-me ler este livro. Enxertei no meio da leitura, Luisa Dacosta, Camille Paglia e até António Variações, talvez para fugir à melancolia e à solidão imanente. Levou-me um tempo infinito a completar a viagem por dentro da dor. Custou-me a entender o dilema do "não querer mais que bem querer", comum às duas personae. E há aquela persistente teimosia em sobreviver ao esquecimento que é a eternidade... .
Talvez o doloroso e prolongado adeus tenha durado demasiadas páginas.
A vida de um homem vista do céu... vigiada afectuosamente por uma mulher incorpórea que, em vida, um dia o amou (custa-me tanto dizer esta palavra...).
Eu, que já comecei a ler outro livro ( As Horas ), dou comigo a adaptar-me a uma ficção muito mais pobre em imagens, seca, urbana, e com uma estrutura muito diferente, tenho que elogiar o livro de Inês, que parece um pouco camiliano e ultraromântico mas não muito.
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